“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mateus 5, 3)
Ultimamente, tenho pensado sobre a virtude da humildade e o que significa ser “pobre em espírito”.
É desanimador perceber que a maioria medirá seu valor de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade. Eu pareço bem sucedido no mundo? – se perguntam – se a resposta for sim, sentem-se pessoas dignas. Se a resposta for não, torna-se fácil sucumbir à voz do diabo que sempre diz que não somos suficientes.
Então, como crescemos em humildade em um mundo onde aparentemente o reconhecimento que você recebe é tudo o que importa?
Como podemos crescer em humildade quando perdemos de vista o que é a humildade?
“Humildade é a percepção de que você não é nada sem Deus. Humildade é esquecer de si mesmo. A humildade retira sua necessidade de aceitação e reconhecimento.”
Mas como nós, como humanos, ansiamos por aceitação! Sentimos uma intensa fome de afirmação. Nos sentimos inúteis e indignos quando não somos reconhecidos. Nos sentimos nada se ninguém nos nota. No entanto, mesmo quando somos reconhecidos, a satisfação que isso traz é fugaz. Nos satisfaz por um tempo. A verdadeira satisfação só pode vir de Cristo.
Especialmente para nós mulheres é fácil nos tornarmos viciadas na necessidade de reforço externo.
Muitos começam a realizar atos dramáticos de penitência não por causa da ação em si, mas para receber atenção dos outros.
No Diário de Santa Faustina, Misericórdia Divina em Minha Alma , Santa Faustina registra Cristo dizendo-lhe para penetrar “no espírito da Minha pobreza e organizar tudo de tal modo que os mais destituídos não tenham motivos para invejá-lo. Eu sinto prazer, não em grandes edifícios e estruturas magníficas, mas em um coração puro e humilde.”
Não é necessário que cada um de nós realize os atos de santidade mais perigosos e visíveis. Nós não somos todos chamados para tais ações. O que precisamos fazer é abandonar todo o resto em favor de Cristo. Deixar de ser mundano! Devemos realizar as ações pelas quais somos individualmente chamados com humildade e alegria.
Pe. Jacques Philippe, em seu recente trabalho sobre as Bem-aventuranças, As Oito Portas do Reino , descreveu a pobreza de espírito como “saber abandonar a si mesmo, permitindo-se ser guiado pelos imprevistos da vida e dizendo sim à realidade”. Não lute contra as circunstâncias!
O que podemos fazer para crescer em humildade? Algumas ideias simples:
1. ADORAÇÃO HUMILDE
Tente passar algum tempo em oração sem mencionar a si mesmo ou aos seus próprios desejos. Simplesmente diga a Cristo o quanto você o ama.
2. PEÇA POR ACEITAÇÃO
Diga a Ladainha da Humildade com frequência e aceite seu próprio papel neste mundo. Aceite que os outros podem receber mais reconhecimento do que você, eu sei isso é bem difícil, por isso está aqui. Aceite que seus esforços podem passar despercebidos.
O padre Narciso Irala no livro Controle Cerebral e Emocional descreve que:
“Uma senhorita de alta sociedade de Lima ajudou-me eficazmente na propaganda missionária. Conseguimos um magnífico salão e ela se lançou a propaganda. Mas, por falta de tempo, na hora marcada, havia somente doze pessoas. No dia seguinte, ela veio ver-me. “Suponho que não terei que consolá-la pelo aconteceu ontem a noite”, disse-lhe. “Não Padre, respondeu-me. Cada dia passo duas horas na Igreja e penso muito na grandeza de Deus e sinto que, em sua comparação, todos os homens são como que um grãozinho de areia. Pois bem, ao aceitar sua propaganda, fi-lo para agradar a Deus. Ele me sorri; ganhei, pois, um milhão. O grãozinho de areia, ou seja, os homens, não fizeram caso de mim: perdi um centavozinho. Aquele que ganha um milhão e perde um centavozinho poderá estar triste?”
Quanto nos ensina essa moça! Primeiro que os benefícios de uma classe social podem ser usados para a obra de Deus, segundo que deve ser feito por amor à Deus e não pela aprovação ou retorno humano e terceiro que ela adquiriu essa capacidade com meditação diante do sacrário, duas horas, pensando na grandeza de Deus.
Isso também nos ensina Madre Teresa de Calcutá quando diz que devemos fazer um serviço gratuito, ou seja, que não pensa no retorno, nem humano e nem espiritual, é somente doação, entrega.
3. SACRIFÍCIO DIÁRIO
Cada dia, ofereça pequenas humilhações. Em vez de reclamar, faça uma oração. Ao invés de se enfadar com o trabalho doméstico, faça isso com alegria. Quando alguém diz algo doloroso para você, agradeça a Deus pela humilhação e aproveite a oportunidade para crescer.
É tão difícil encontrar a força para confiar somente em Deus. No entanto, ser pobre de espírito significa dar tudo o que você tem e tudo o que você é para Ele. Isso é o que somos chamados a fazer.
Como Santa Teresa de Liseuex escreve, nós experimentamos uma paz tão grande quando somos totalmente pobres, quando não dependemos de ninguém a não ser de Deus.
E Santa Clara também diz “altos são os muros da pobreza”.
E quem nos ensina a proceder assim com maior perfeição e abandono é a Santíssima Virgem Maria. Dificilmente conseguimos prosseguir sem o auxílio dessa Boa Mãe que nos leva pelos caminhos da entrega total e abandono à Vontade Divina.
Que não rejeitemos a ajuda da Linda Senhora, como fizeram os homens com aquela moça do relato acima.
Paz e Bem!
“Enchi-me de zelo pela minha Mãe Imaculada e Ela me livrou de todas as tribulações”
Via Salus in Caritate