A vocação dos protagonistas do Natal

Natal lembra Maria, o Menino Jesus, as estrelas de Belém e tantas coisas lindas. É como se estivéssemos numa sala bem acolhedora e alguém viesse nos trazer uma caixa de Natal, bem decorada com anjinhos e todos os personagens que conhecemos, principalmente o Menino Deus no colo de Maria. Na maior alegria, abrimos cuidadosamente e encontramos estas joias lindas, que representam esta solenidade  tão fascinante de nossa vida cristã. Começamos pela caixa de Natal, que já é, por si, um grande presente de Deus, pois ali está tudo que ele preparou para nós recebermos seu Filho. Melhor ainda, recebemos seus Filho. Ele é a primeira vocação de Deus para o mundo.

ADVENTO: CONVITE À ESPERANÇA

O Advento, que tem várias interpretações. A palavra advento vem do latim “ad-venio”, que quer dizer “vir, chegar”. A Igreja Católica nos ensina que é o primeiro tempo do Ano Litúrgico. Para nós, trata-se da preparação e entusiasmo, além da enorme expectativa das comunidades para esperar o Nascimento do Menino Jesus. Para isso deve-se promover a paz e a fraternidade. A vocação do Menino Jesus é uma resposta ao chamado do Pai para salvar a humanidade.

duração do Advento se refere às quatro semanas antes do Natal. Este belíssimo período litúrgico se refere à vinda de Jesus Cristo, que acontece em Belém da Judeia e conforme as profecias bíblicas vai evocar seu retorno no dia do Juízo Final. Estamos falando da vocação escatológica dos cristãos: todos somos chamados para a eternidade.

Neste período do Advento, devemos purificar o corpo e o espírito para a chegada do Menino Deus. Lembramos-nos da Quaresma, que utiliza a cor roxa nos paramentos. Também esta cor é usada  no terceiro domingo do Advento, marcando um momento mais introspectivo dos fieis. No Advento não se canta o Glória, pois é tempo de reflexão e espera. Mesmo considerando que se trata de um período de grande fé e de espiritualidade, o fato é que o Advento nos recorda que um dia Jesus Cristo estará novamente entre nós. Somos alimentados com alegria na esperança de seu retorno definitivo. Seu aniversário tem como objetivo nos lembrar da sua importância futura, o retorno. O Advento tem início no quarto domingo que antecede o dia 25 de dezembro, festa do Sol invicto, Solenidade do Nascimento do Menino Jesus. Na nossa tradição, o Advento simboliza a espera de Maria pelo nascimento de Jesus. Maria foi convidada pelo Anjo Gabriel. Sua vocação é um convite especial feito por Deus e ela disse Sim. Em toda vocação, é fundamental a resposta do próprio sujeito. Deus nos chama e nos deixa livres.

COROA DO ADVENTO

Um símbolo natalino maravilhoso. A coroa tem grande significado e marca os domingos do Advento e os personagens vocacionados para esta missão. Sua origem é carregada de significado. Teve início em  Hamburgo, na Alemanha, no final do século XIX, que surgiu pela primeira vez a coroa do Advento. Foi adotada pela Igreja Católica como um símbolo para dizer que “a luz venceu as trevas e suplantou a morte”, ou seja, a Ressurreição de Jesus. Originalmente, a coroa é feita de galhos verdes de abeto. Na sua primeira versão, tem a forma de uma coroa real, formando um círculo entrelaçado, onde são colocadas as quatro velas. Cada domingo será acesa uma, na Igreja, em local bem visível para a assembleia. Normalmente fica perto do altar e seu propósito é mostrar que estamos vivendo o tempo do Advento, um tempo especial. De fato, algumas famílias costumam fazer em suas casas, acendendo semanalmente a vela e rezando para o Menino Deus. É um pedido de paz para a própria família e para a humanidade.

Sua forma circular representa a eternidade e seus galhos verdes demonstram a esperança em Deus. É comum colocar uma fita vermelha, pois ela simboliza o amor pela humanidade. Indica que as pessoas devem viver sempre amando seus irmãos enquanto, esperam o Filho de Deus nascer.

O Advento está dividido em duas grandes partes: as primeiras duas semanas são para que o cristão possa para meditar sobre a vinda de Jesus Cristo quando ocorrer o fim do mundo. As duas últimas semanas são para pensar sobre o nascimento de Deus Menino e seu aparecimento na história da humanidade. Somos chamados para entrar na gruta de Jesus e esperar seu nascimento, com Maria e José.

A SIMBOLOGIA DAS CORES

Neste período do Advento as velas são acesas com grande ritualidade. Na primeira semana, a vela é roxa e todos os paramentos do sacerdote e as toalhas do altar são roxos. Esta cor, no tempo litúrgico, serve como símbolo de penitência e da preparação que se estende pelo período do Advento. A única exceção é a do terceiro domingo, chamado também de Domingo Gaudete (da alegria), no qual pode-se usar a cor rósea. Trata-se de uma simbologia tradicional.

O simbolismo é muito importante dentro de nossa crença e de certa maneira através dele expressamos  nossa fé. Estes valores simbólicos vão nos trazer o momento completo de nossa espera, que é o nascimento de Jesus Cristo. Quando o Deus Menino chegar a festa estará completa, representada aqui pela Solenidade do Natal. Somos convidados para contemplar a manjedoura com o Filho de Deus.

O Advento é um momento muito importante dentro da liturgia oficial da Igreja católica. Como estamos no último mês do ano, há uma preocupação pessoal nas comunidades, fazendo ensaios, preparação do presépio para a acolhida do nascimento de Jesus. É necessário propagar mais a fé dos fieis, para que façam destes momentos algo bem maior e mais evangelizador. Vimos muitos bonitos exemplos:  uma bonita entrada na Igreja, escurecendo toda e entrando com a vela acesa e depois que estiver acesa na coroa do Advento, iluminar toda a Igreja com grande solenidade. Deste modo, todos sentem a beleza daquele momento, que pode ter anjinhos e coroinhas ou outros fieis.

Devemos fazer do Advento uma preparação para a grande festa do Natal. É necessário recordar que a principal preparação do Advento deve ser no coração de cada um, pois estaremos na espera da vinda de Jesus.

Por sua vez, o cristão deve entender que o principal é vivenciar sua fé. O cristão tem sempre que buscar Deus Filho nos acontecimentos da nossa história. Esta conversão, mais uma vez, nos faz ter vigilância na fé e orar pelos acontecimentos, pelos irmãos e pela conversão de cada um nos caminhos de Deus Pai. A espiritualidade do Advento nos convida a preparar nossa vida como se fosse a gruta para acolher Jesus e sua sagrada Família.

Os principais vocacionados para esta solenidade, cada um cumprindo seu papel surgem como protagonistas da encarnação de Jesus Menino: Maria, José, João Batista, Zacarias, Isabel, os três reis magos que vem procurando pela estrela onde vai nascer o Mestre dos Mestres, os pastorzinhos e camponeses. Somos todos igualmente convidados para esta festa de Deus no mundo

NATAL NA TERRA E NO CÉU

Maria se sente feliz e realizada por Deus, por ser escolhida para uma sublime missão. José, o homem bom, sente-se igualmente enobrecido por participar desta missão histórica de Jesus de Nazaré. O convite divino à família de Nazaré revela sua grande experiência mística de Deus, que transborda em sua intimidade. A alegria de Maria revela o amor eterno de Deus pelos mais simples, mais humildes e abertos de coração. Maria disse “sim”, com coragem e confiança. José disse “sim” para participar, com Maria, dos destinos do Filho de Deus humanizado. A família de Nazaré aceitou acolher em seu lar o Deus feito menino.  A casa de Nazaré tornou-se o lar da Sagrada Família, pois tornou-se o lar da esperança, da fé e da confiança. Nossos lares, quando acolhemos a voz dos anjos que nos anunciam a presença de Jesus Cristo pela força do Espírito Santo, tornam-se também a “casa de Nazaré”, nossas famílias se tornam sagradas e repletas da graça divina. A todo instante, os mensageiros de Deus nos anunciam que  Deus quer habitar em nosso lar. (Nos Passos de Maria. Paulinas)

Sabemos que a Eucaristia é a presença viva de Jesus. Como é uma doutrina muito importante, os antigos usavam o termo parusia, que significa a presença real de Jesus Cristo sob as duas espécies eucarísticas,  como estava presente na manjedoura, ao lado de José e de Maria. No Natal, como na caia eucarística, vivemos a presença sacramental que acontece durante nossas celebrações. Na tradição dos povos do Oriente Médio, parusia era utilizada para uma visita de um rei ou um imperador. Posteriormente foi utilizada para a visita que Cristo nos faz durante a celebração da missa. É a visita do rei em nossa casa e em nossa comunidade. Para que não estejamos sós o tempo inteiro, Cristo nos visita até quando chegar o final dos tempos. A espiritualidade deste período nos ensina que Cristo voltará na segunda vez e definitivamente.

Cristo é o Senhor glorioso, real e verdadeiro da nossa fé. O Advento é para nos lembrarmos esta bonita verdade. Neste tempo, preparamos a sua chegada. Vivemos incansavelmente este período que marca seu Nascimento, assim como outras passagens de Cristo, como a Semana Santa. São tempos fortes de nosso Ano Litúrgico.

Neste caso, estamos sempre revivendo Jesus Cristo e fazendo de nossa fé um campo de esperança. Lembrando ainda, que para Deus não existe tempo. Nada sabemos claramente sobre o final dos tempos, por isso nos dedicamos a esperar sua chegada a cada dia. Sabemos que para  isso aconteçer é necessário que toda a humanidade esteja com Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo no coração de cada ser humano. É uma caminho de fé.

O Papa Bento XVI (Joseph Ratzinger, teólogo), nos diz que: “ …a Parusia é o mais alto grau de intensificação e satisfação da liturgia, e a liturgia é parusia. Cada Eucaristia é uma Parusia, vinda do Senhor; e, ainda, a Eucaristia é, inclusive, o mais verdadeiro desejo ardente de que Ele, por fim, revelaria a sua glória escondida.”

O Reino de Deus acontece no Natal, na Santa Ceia e na Eucaristia, Ele está no meio de nós. O Reino virá na glória quando Cristo restituir a seu Pai toda a humanidade. É a cristificação do universo. A Igreja sabe que, desde agora, o Senhor vem em sua Eucaristia, e que ali Ele está, no meio de nós. Contudo, esta presença é velada e se revela pela fé em Jesus Cristo. (CIC 2816. 1404).

Na Eucaristia e no Natal se encontram dois sublimes momentos da nossa vida:  vida terrena e vida celeste. Desta forma, enquanto esperamos o retorno glorioso de Jesus, no fim dos tempos, continuamos a receber Jesus Cristo. NO Natal Jesus se encarna, na Eucaristia, Ele se faz presente e no fim dos tempos reinará glorioso em nossas vidas.

Prof. João Henrique Hansen – Pe. Antônio Sagrado Bogaz, orionitas

Diretores do filme: Zilda Arns, a via sacra da solidariedade

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