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Família: a vocação de amar

Agosto é para a igreja o mês vocacional, quando rezamos pelas vocações em suas diversas possibilidades. Logo na primeira semana do mês rezamos pelas vocações sacerdotais; já na segunda, com o Dia dos Pais, começa tradicionalmente a Semana Nacional da Família, promovida pela CNBB. É então, um privilegiado momento para refletir sobre a grandeza do projeto de Deus revelado na família desde a criação.

A família cristã nasce do sacramento do matrimônio instituído por Jesus com a sua própria vida; os cristãos quando se casam dizem o “sim” no altar e naquele momento se tornam verdadeira imagem do amor de Cristo.

Nos tempos atuais temos que estar atentos ao crescente perigo representado por um individualismo exagerado que desvirtua os laços familiares e acaba por considerar cada componente da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios desejos e não enxerga o outro.

As tensões causadas por uma cultura individualista exagerada geram no seio das famílias dinâmicas de impaciência e agressividade. Também, o ritmo de vida acelerado, o estresse, a organização social e de trabalho são fatores culturais que colocam em risco a possibilidade de opções permanentes.

Se esses riscos se transpõem para o modo de compreender a família, esta pode transformar-se num lugar de passagem, onde uma pessoa vai quando lhe parece conveniente ou para reclamar direitos, enquanto os vínculos são deixados à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias.

No fundo, hoje, é fácil confundir a liberdade genuína com a ideia de que cada um julga como lhe parece, como se, para além dos indivíduos, não houvesse verdades, valores, princípios que nos guiam, como se tudo fosse igual e tudo fosse permitido. Nesse contexto, o ideal matrimonial com um compromisso de exclusividade e estabilidade acaba por ser destruído pelas conveniências e caprichos. Teme-se a solidão, deseja-se um espaço de proteção e fidelidade, mas, ao mesmo tempo, cresce o medo de ficar encurralado numa relação que possa adiar a satisfação das aspirações pessoais.

Como cristãos, não podemos deixar de lado o matrimônio, como se fosse algo fora de moda. Assim, estaríamos privando o mundo dos valores que podemos e devemos oferecer. É importante nos esforçarmos de forma responsável para apresentar as razões e os motivos para se optar pelo casamento e pela família, de modo que as pessoas estejam melhor preparadas para responder à graça que Deus lhes oferece.

Vivemos uma cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque assim serão privados de possibilidades para o futuro. Frequentemente vemos os jovens querendo adiar o compromisso de casar e formar uma família por problemas de tipo econômico, carreira ou oportunidades de estudo.

Precisamos encontrar nas palavras e nos exemplos as motivações que nos ajudem a incentivar os jovens ao compromisso de amor. Que eles tenham a coragem de aceitar, com entusiasmo, o desafio de formar uma família.

Deus quis se manifestar em uma família. A aliança de amor e fidelidade, vivida pela Sagrada Família de Nazaré, ilumina o princípio que dá forma a cada família e a torna capaz de enfrentar melhor as vicissitudes da vida e da história. Sobre esse fundamento, cada um de nós, mesmo na sua fragilidade, pode se tornar uma luz na escuridão do mundo.

Ao viver a Semana Nacional da Família, após a comemoração do Dia dos Pais, somos chamados a fazer a nossa parte nesse projeto de Deus. Que a Sagrada Família de Nazaré abençoe a todos.

Por Omar Raposo, Pároco da Paróquia de São José da Lagoa e reitor do Cristo Redentor.

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