Durante a viagem apostólica à Tailândia e Japão, o Papa Francisco encontrou um grupo de 48 jesuítas provenientes da área do Sudeste Asiático. O Papa foi recebido pelo padre Augustinus Sugiyo Pitoyo, superior da região da Tailândia, formada por 33 jesuítas (17 sacerdotes, 14 estudantes em formação, um irmão e um noviço). O encontro contou com a presença de Dom Enrique Figaredo Alvargonzález, jesuíta espanhol, prefeito apostólico de Battambang na Camboja.
Entrando na sala o Papa cumprimentou a todos, um por um e depois disse: “Bom dia! Que bom ver todos vocês! Como vocês são jovens. Fico feliz em ver que a idade média dos presentes é uma promessa de futuro!”.
Seguem algumas das perguntas:
No contexto asiático há muitas situações de tensões e sofrimentos. A minha pergunta é: como se faz para equilibrar, por um lado, a necessidade de denunciar as situações e de outro, usar a necessária prudência que sugere calar para o bem maior, ou para não complicar mais ainda as situações?
Papa Francisco: Não há uma receita. Há princípios para referimentos, mas na prática o percurso a ser feito é sempre uma pequena senda (senderito) que é descoberta com a oração e com o discernimento das situações concretas. Não há regras definidas e válidas. O caminho se abre ao percorrermos com o pensamento aberto e não com abstratos princípios de diplomacia. Olham-se os sinais, se discerne a trilha a ser tomada. E também nisso é importante deixar-se guiar pelo Senhor.
Devemos buscar a nossa pequena senda por meio da oração, a contemplação da realidade, o discernimento e a ação. E naturalmente o compromisso, a coragem. Enfim, é preciso a virtude da prudência, que é também uma virtude do governo.
“Mas atenção! Não confundir a prudência com o simples equilíbrio. Os prudentes do equilíbrio terminam sempre lavando-se as mãos com seu distanciamento. E o santo padroeiro deles é “são” Pilatos”
Como a Igreja e o mundo estão recebendo a sua encíclica “Laudato si’”?
Papa Francisco: Na reunião da COP21 em Paris, em dezembro de 2015 havia muita expectativa. Na ocasião foi feito um grande esforço para favorecer o encontro dos líderes mundiais com o objetivo de buscar novos caminhos para enfrentar as mudanças climáticas e salvaguardar o bem-estar da Terra, nossa casa comum. O encontro de Paris foi realmente um passo avante.
Mas depois começaram os conflitos, os compromissos sobre as hipóteses lançadas e os interesses econômicos de alguns países. Por isso alguns se retiraram. Mas hoje as pessoas estão se tornando muito mais conscientes com relação ao cuidado da casa comum e da sua importância. Nasceram muitos movimentos, especialmente animados por jovens. Este é o caminho a ser percorrido.
“Hoje são os jovens que entendem com o coração que a sobrevivência do planeta é um tema fundamental. Eles entendem bem, com o coração, a Laudato si’. Essa é uma promessa de futuro. “O futuro é nosso!”, dizem”
Devemos continuar a trabalhar, para que a mensagem fundamental que a Laudato si’ quer comunicar seja compartilhada em todo o mundo. A encíclica foi feita para ser compartilhada. E não há direito de autor sobre o cuidado da casa comum. É uma mensagem que pertence a todos.
Nas comunidades há católicos divorciados e novamente casados. Como se comportar pastoralmente com eles?
Papa Francisco: Poderia responder de duas maneiras: de modo casuístico, que porém não é cristão, mesmo se pode ser eclesiástico; ou, segundo o Magistério da Igreja, como está escrito no oitavo capítulo da Amoris laetitia, ou seja, fazer um caminho de acompanhamento e de discernimento para encontrar soluções. E isso não tem nenhuma ligação com a moral da situação, mas com a grande tradição moral da Igreja.
Via Vatican News