Enquanto a oração dominical voltou a se realizar com os fiéis na Praça São Pedro, a Audiência Geral das quartas-feiras ainda tem que esperar e hoje novamente foi realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.
A catequese do Papa Francisco foi dedicada ao tema da “oração vocal” e mais se pareceu com uma poesia.
“A oração é diálogo com Deus”, disse o Papa, e, num certo sentido, todas as criaturas “dialogam” com Deus. Mas no ser humano, a oração torna-se palavra, invocação, cântico, poesia… A Palavra divina fez-se carne, e na carne de cada homem a palavra volta a Deus em forma de oração.
As palavras nascem dos sentimentos, afirmou ainda Francisco, mas há também o caminho inverso: em que as palavras moldam os sentimentos. É por este motivo que a Sagrada Escritura nos ensina a rezar até com palavras às vezes audazes.
Nenhum de nós nasce santo, constatou o Papa, e no coração do homem existem também sentimentos pouco edificantes, até mesmo o ódio. E quando estes sentimentos negativos batem à porta, devemos ser capazes de os desarmar com a oração e com as palavras de Deus. Sem elas, o mundo poderia ser inundando pela violência.
A primeira oração humana é sempre uma recitação vocal, embora saibamos que rezar não significa repetir palavras, no entanto a oração vocal é a mais segura e pode ser praticada sempre.
A oração dos lábios, sussurrada ou recitada em coro, está sempre disponível, é e tão necessária quanto o trabalho manual. Francisco citou a oração dos idosos, feita no silêncio das igrejas. “Com a oração humilde, estes orantes são frequentemente os grandes intercessores das paróquias: são os carvalhos que de ano para ano alargam os seus ramos, para oferecer sombra ao maior número de pessoas. É como uma âncora: segurar-se na oração para manter-se fiel.”
Não devemos desprezar a oração vocal, foi a exortação do Papa. “É coisa para as crianças, para as pessoas ignorantes. Eu busco a oração mental, a meditação, o vazio interior para que Deus venha…” Por favor, disse o Papa, “não cair na soberba de desprezar a oração vocal, é a oração dos simples, aquela que Jesus nos ensinou. Pai-Nosso, que estais nos céus…”.
“As palavras que pronunciamos levam-nos pela mão; às vezes restituem o sabor, despertam até o mais adormecido dos corações; estimulam sentimentos dos quais tínhamos perdido a memória. E acima de tudo, de maneira segura, são as únicas que dirigem a Deus as perguntas que Ele quer ouvir. Jesus não nos deixou na névoa. Disse-nos: «Eis como deveis rezar!». E ensinou a oração do Pai-Nosso.”
Por Bianca Fraccalvieri – Vatican News